"A pobreza é um problema transversal às
sociedades de todos os países, comprometendo um nível de desenvolvimento social
e económico fundamental a um mundo onde são asseguradas as condições de uma
vida digna, a todos os seres humanos. O seu combate tem subjacente um problema
de justiça social e levanta questões de âmbito moral. "Temos a obrigação
de combater a pobreza?" foi a questão colocada aos alunos da turma do 10ºA
que, no âmbito da disciplina de Filosofia e do projeto de Articulação e
Flexibilidade Curricular da turma, foram desafiados a desenvolver um ensaio
filosófico, aplicando as competência de conceptualização, problematização e
argumentação, específicas da disciplina e presentes no perfil do aluno. O
objetivo foi sensibilizar os alunos para um problema sem fronteira e que afeta
a todos e provocar nos mesmos um posicionamento ético, tendo por base as
teorias já estudadas."
O ensaio que se segue foi realizado pelos alunos
Rafael Martins, nº 19, Francisca Pereira, nº 22 e Mariana Oliveira, nº 24...
Ensaio Filosófico
“Temos o dever de combater a pobreza?”
Neste ensaio filosófico, procuramos
discutir o problema “Será que é nossa obrigação moral combater a pobreza?”. O
objetivo deste ensaio é criar um texto argumentativo no qual exponhamos a nossa
opinião justificada sobre o problema mencionado, fundamentando o nosso ponto de
vista com argumentos sólidos, apoiando-nos em informações retiradas da internet
com o fim de aprofundar o nosso conhecimento no assunto antes de o abordarmos.
Assim, primeiramente, é necessário
entender o que é, afinal, a pobreza. Segundo a Organização das Nações Unidas,
podemos distinguir dois tipos de pobreza. A pobreza absoluta consiste na
privação severa de necessidades humanas básicas, tais como comida, água ou
saúde. Este tipo de pobreza não depende dos rendimentos, mas sim da privação a
serviços públicos básicos e essenciais. Para além disto, este tipo de pobreza
divide-se em pobreza primária, quando o rendimento permite apenas a manutenção,
ainda que ao mais baixo nível e em pobreza secundária, quando o rendimento é
suficiente para satisfazer as necessidades básicas, embora estas não sejam
satisfeitas graças à má administração dos rendimentos. A ONU caracteriza o
segundo tipo de pobreza como pobreza relativa que consiste na existência de
apenas o suficiente para subsistir. Em 2019, as Nações Unidas realizaram um
estudo no qual analisaram o número de pessoas a viver na pobreza em 101 países.
O resultado foi avassalador: do total populacional desses países, 500 milhões
de pessoas viviam no limiar da pobreza. Acredita-se que, no século XXI, existam
mais de 1,6 mil milhões de pessoas a viver na pobreza.
Depois de encontrarmos estes dados,
acreditamos que a importância deste estudo se encontra neles. A palavra “pobre”
entra no nosso discurso verbal quase todos os dias. Discutimos e chegamos a
acordo de que vivemos numa sociedade que, em termos monetários, raramente
observa para além da própria pessoa, desejando sempre mais do que tem, sem
saber (ou importar) que alguém, talvez a um oceano de distância, talvez a viver
na casa do lado, vive dez vezes pior. É importante perceber e parar para
refletir que hoje em dia aqueles que podem afirmar que “vivem bem” são uma gota
num oceano de pessoas que não têm o suficiente para muitas vezes, viver sequer.
Têm apenas o suficiente para sobreviver. Este estudo revela-se importante
porque a pobreza é um problema real, que existe aqui e agora e que não deve ser
evitado, mas sim resolvido.
Posto isto, afirmamos que é nossa
obrigação moral combater a pobreza. Tal como combater muitos outros males, o
combate à pobreza pode ser feito através de pequenos gestos que naturalmente
levam a ações mais grandiosas. Apoiamos, em primeiro lugar, a ideia referida no
texto apresentado como exemplo para este trabalho: “(…)
se estiver nas nossas mãos evitar que aconteça um grande mal, sem com isso
sacrificarmos nada de importância moral comparável, devemos fazê-lo (…)”.
Podemos ainda pensar no assunto como uma questão de empatia. Se fossemos nós
que não tivéssemos um telhado sob a cabeça ou dinheiro suficiente para comprar
pão gostaríamos que alguém nos “desse uma mão”. Já Kant afirmava que um ser
humano é dotado de dignidade e que nunca deve ser tratado como um meio, mas sim
como um fim e, como todos os humanos se igualam em termos de dignidade, fazer
mal ao próximo significa fazer mal a nós próprios.
Em segundo lugar, o acesso à saúde,
educação, comida, água, etc., é um direito humano que não deve ser privado a
ninguém. Acreditamos por isso que é nossa obrigação moral combater a pobreza
ajudando aqueles que são privados destes direitos porque, quando se trata de
obrigações, fazer o correto e ignorar o que é
errado não é uma opção, mas sim uma obrigação moral. Quando colocamos em causa
direitos humanos, a moralidade é inflexível.
Existem, porém, aqueles que
dirão que não é nossa obrigação moral combater a pobreza dizendo, com fracos
argumentos, que não é nossa culpa que a pessoa pobre se encontre numa situação
de carência e por isso não somos obrigados a ajudá-la. Todavia, esta tese não é
bem-sucedida porque, se estamos perante alguém que não tem o suficiente para
viver e necessita de ajuda para ter acesso às coisas que nos parecem tão banais e nós negamos-lhe a ajuda,
mesmo sabendo que não abdicaríamos de nada com importância moral comparável,
não somos tão culpados quanto as circunstâncias ou pessoas que colocaram aquele
ser humano numa tão delicada situação? Não estaríamos nós a negar àquela pessoa
direitos básicos que devem ser garantidos a qualquer humano, ignorando por
completo a sua dignidade, tratando-a como um meio e, em consequência,
desrespeitando-nos a nós próprios?
Em conclusão, com este
ensaio afirmamos que combater a pobreza é uma obrigação moral. Todo o ser
humano que seja privado de direitos humanos básicos deve ser ajudado e todo o
ser humano que tenha o poder e se encontre na posição de ajudar deve fazê-lo.
Fontes consultadas:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_absoluta
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_relativa
https://news.un.org/pt/story/2019/07/1679661
https://unric.org/pt/eliminar-a-pobreza/
https://www.eumed.net/rev/cccss/30/pobreza.html
Trabalho de grupo realizado no âmbito
da disciplina de Filosofia.
Ano:10º
Turma: A
Grupo constituído por:
⮚
Rafael Martins, Nº19
⮚
Francisca Pereira, Nº22
⮚
Mariana Oliveira, Nº24
Docente: Madalena Neto
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