3 de julho de 2021

10º A - " O admirável mundo novo... ou não" - Profª Madalena Neto

 

"A pobreza é um problema transversal às sociedades de todos os países, comprometendo um nível de desenvolvimento social e económico fundamental a um mundo onde são asseguradas as condições de uma vida digna, a todos os seres humanos. O seu combate tem subjacente um problema de justiça social e levanta questões de âmbito moral. "Temos a obrigação de combater a pobreza?" foi a questão colocada aos alunos da turma do 10ºA que, no âmbito da disciplina de Filosofia e do projeto de Articulação e Flexibilidade Curricular da turma, foram desafiados a desenvolver um ensaio filosófico, aplicando as competência de conceptualização, problematização e argumentação, específicas da disciplina e presentes no perfil do aluno. O objetivo foi sensibilizar os alunos para um problema sem fronteira e que afeta a todos e provocar nos mesmos um posicionamento ético, tendo por base as teorias já estudadas."

O ensaio que se segue foi realizado pelos alunos Rafael Martins, nº 19, Francisca Pereira, nº 22 e Mariana Oliveira, nº 24...

Ensaio Filosófico

“Temos o dever de combater a pobreza?”

 

Neste ensaio filosófico, procuramos discutir o problema “Será que é nossa obrigação moral combater a pobreza?”. O objetivo deste ensaio é criar um texto argumentativo no qual exponhamos a nossa opinião justificada sobre o problema mencionado, fundamentando o nosso ponto de vista com argumentos sólidos, apoiando-nos em informações retiradas da internet com o fim de aprofundar o nosso conhecimento no assunto antes de o abordarmos.

Assim, primeiramente, é necessário entender o que é, afinal, a pobreza. Segundo a Organização das Nações Unidas, podemos distinguir dois tipos de pobreza. A pobreza absoluta consiste na privação severa de necessidades humanas básicas, tais como comida, água ou saúde. Este tipo de pobreza não depende dos rendimentos, mas sim da privação a serviços públicos básicos e essenciais. Para além disto, este tipo de pobreza divide-se em pobreza primária, quando o rendimento permite apenas a manutenção, ainda que ao mais baixo nível e em pobreza secundária, quando o rendimento é suficiente para satisfazer as necessidades básicas, embora estas não sejam satisfeitas graças à má administração dos rendimentos. A ONU caracteriza o segundo tipo de pobreza como pobreza relativa que consiste na existência de apenas o suficiente para subsistir. Em 2019, as Nações Unidas realizaram um estudo no qual analisaram o número de pessoas a viver na pobreza em 101 países. O resultado foi avassalador: do total populacional desses países, 500 milhões de pessoas viviam no limiar da pobreza. Acredita-se que, no século XXI, existam mais de 1,6 mil milhões de pessoas a viver na pobreza.

Depois de encontrarmos estes dados, acreditamos que a importância deste estudo se encontra neles. A palavra “pobre” entra no nosso discurso verbal quase todos os dias. Discutimos e chegamos a acordo de que vivemos numa sociedade que, em termos monetários, raramente observa para além da própria pessoa, desejando sempre mais do que tem, sem saber (ou importar) que alguém, talvez a um oceano de distância, talvez a viver na casa do lado, vive dez vezes pior. É importante perceber e parar para refletir que hoje em dia aqueles que podem afirmar que “vivem bem” são uma gota num oceano de pessoas que não têm o suficiente para muitas vezes, viver sequer. Têm apenas o suficiente para sobreviver. Este estudo revela-se importante porque a pobreza é um problema real, que existe aqui e agora e que não deve ser evitado, mas sim resolvido.

Posto isto, afirmamos que é nossa obrigação moral combater a pobreza. Tal como combater muitos outros males, o combate à pobreza pode ser feito através de pequenos gestos que naturalmente levam a ações mais grandiosas. Apoiamos, em primeiro lugar, a ideia referida no texto apresentado como exemplo para este trabalho: “(…) se estiver nas nossas mãos evitar que aconteça um grande mal, sem com isso sacrificarmos nada de importância moral comparável, devemos fazê-lo (…)”. Podemos ainda pensar no assunto como uma questão de empatia. Se fossemos nós que não tivéssemos um telhado sob a cabeça ou dinheiro suficiente para comprar pão gostaríamos que alguém nos “desse uma mão”. Já Kant afirmava que um ser humano é dotado de dignidade e que nunca deve ser tratado como um meio, mas sim como um fim e, como todos os humanos se igualam em termos de dignidade, fazer mal ao próximo significa fazer mal a nós próprios.

Em segundo lugar, o acesso à saúde, educação, comida, água, etc., é um direito humano que não deve ser privado a ninguém. Acreditamos por isso que é nossa obrigação moral combater a pobreza ajudando aqueles que são privados destes direitos porque, quando se trata de obrigações, fazer o correto e ignorar o que é errado não é uma opção, mas sim uma obrigação moral. Quando colocamos em causa direitos humanos, a moralidade é inflexível.

Existem, porém, aqueles que dirão que não é nossa obrigação moral combater a pobreza dizendo, com fracos argumentos, que não é nossa culpa que a pessoa pobre se encontre numa situação de carência e por isso não somos obrigados a ajudá-la. Todavia, esta tese não é bem-sucedida porque, se estamos perante alguém que não tem o suficiente para viver e necessita de ajuda para ter acesso às coisas que nos parecem tão banais e nós negamos-lhe a ajuda, mesmo sabendo que não abdicaríamos de nada com importância moral comparável, não somos tão culpados quanto as circunstâncias ou pessoas que colocaram aquele ser humano numa tão delicada situação? Não estaríamos nós a negar àquela pessoa direitos básicos que devem ser garantidos a qualquer humano, ignorando por completo a sua dignidade, tratando-a como um meio e, em consequência, desrespeitando-nos a nós próprios?

Em conclusão, com este ensaio afirmamos que combater a pobreza é uma obrigação moral. Todo o ser humano que seja privado de direitos humanos básicos deve ser ajudado e todo o ser humano que tenha o poder e se encontre na posição de ajudar deve fazê-lo.

 

Fontes consultadas:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_absoluta

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_relativa

https://news.un.org/pt/story/2019/07/1679661

https://unric.org/pt/eliminar-a-pobreza/

https://www.eumed.net/rev/cccss/30/pobreza.html

Trabalho de grupo realizado no âmbito da disciplina de Filosofia.

Ano:10º

Turma: A

Grupo constituído por:

         Rafael Martins, Nº19

         Francisca Pereira, Nº22

         Mariana Oliveira, Nº24

Docente: Madalena Neto

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