3 de julho de 2021

Projeto de Articulação Curricular –“Os Direitos Humanos” 12ºB e Profª Paula Magalhães

Projeto de Articulação Curricular –“Os Direitos Humanos”

12ºB e Profª Paula Magalhães

 

Apesar de assegurados, os direitos humanos foram desrespeitados e de toda a forma ignorados. Por muitas décadas o peso das grandes guerras assolava a vida e o quotidiano de cada família.

Na Itália tínhamos Benito Mussolini, uma das figuras chave na criação do fascismo, abandonando qualquer estética democrática e estabelecendo a sua ditadura totalitária, instalando assim o terror no país.

A obediência cega das massas obcecou, com efeito, a prática fascista, avessa à vontade individual e ao espírito crítico. Por isso, os ideais fascistas inculcavam-se  primeiramente nos jovens, já que as crianças, mais do que às famílias, pertenciam ao Estado.    

Ainda assim, Mussolini não conquistara o poder e já os esquadristas semeavam o pânico com as suas "expedições punitivas". Incendiavam e roubavam os sindicatos e as organizações políticas de esquerda, cujos dirigentes abatiam ou, na melhor  das hipóteses, espancavam. Com a chegada de 1923, os esquadristas foram reconhecidos oficialmente como milícias armadas do Partido Nacional- Fascista. Receberam a designação de Milícia Voluntária para a Segurança Nacional, cabendo-lhes vigiar, denunciar  e reprimir qualquer ato conspiratório. Idênticas funções competiam à polícia política e muito a propósito apelidada de Organização de Vigilância e Repressão do Antifascismo (OVRA).

 

Outro exemplo dessas vivências aconteceu na Alemanha nazi com Hitler. O desrespeito ia de humilhações públicas, como a estrela de David imposta pelo Estado à população judaica, uma maneira de separar a população alemã e elevar a credibilidade e superioridade da raça ariana. A ciência também tentava comprovar que estes não eram dignos. Destas atrocidades resultaram mais de 60 milhões de mortos grande parte deles judeus, mas também prisioneiros de guerra, opositores ao Estado, ciganos, aleijados e homossexuais, vítimas das câmaras de gás e doenças como a sarna e o tifo em campos de trabalho forçado, concentração ou extermínio, tratados como escravos e nunca reconhecidos como seres humanos.

 

De um ponto de vista mais próximo temos o Estado Novo de Salazar em que basicamente o medo geria a vida das pessoas e encarregava-se de “disciplinar” e “conter" a oposição ao governo. Diversas torturas, tais como a tortura do sono e tratamentos desumanos capazes de ser comparados às vivências da Alemanha Nazi era o comum na ditadura.

Instituições como o Tarrafal, o Forte de Peniche e de Caxias guardam até hoje  nas paredes as memórias da desumanidade incitada  por Portugal.

São diversas as obras literárias que fazem alusão a este período mais cinzento de Portugal. O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago, é exemplo do que se disse. Esta passagem do capítulo IX é bem o exemplo dos interrogatórios ameaçadores que eram conduzidos pelos agentes da polícia do Estado: “[…] Esse é o seu engano, eu conheço muitos nomes, Não direi nenhum, Muito bem, tenho outras maneiras de os saber, se for preciso, Como queira, Havia militares entre essas suas amizades, ou políticos, Nunca me dei com pessoas dessas, Nenhum militar, nenhum político, Não posso garantir que não me tenham procurado como médico, Mas desses não ficou amigo, Por acaso não, De nenhum, Sim senhor, de nenhum, Singular coincidência, A vida é toda feita de coincidências, Estava no Rio de Janeiro quando se deu a última revolta, Estava, Não acha que é outra coincidência singular ter voltado para

Portugal logo a seguir a uma intentona revolucionária, Tão singular como estar o hotel de que sou hóspede cheio de espanhóis depois das eleições que em Espanha houve, Ah, quer então dizer que fugiu do Brasil, Não foi isso que eu disse, Comparou o seu caso com o dos espanhóis que vieram para Portugal, Foi só para mostrar que há sempre uma causa para um efeito, E o seu efeito, que causa teve, Já lhe disse, sentia saudades do meu país, resolvi voltar, Quer dizer, não foi por medo que regressou, Medo de quê, De ser incomodado pelas autoridades de lá, por exemplo, Ninguém me incomodou nem antes nem depois da revolta, […]”

 

Na URSS, no tempo de Estaline, verificou-se um desrespeito pelos direitos humanos.

Esta política teve como resultado milhões de mortes devido à queda dramática da qualidade de vida dos cidadãos e abriu um longo reinado de terror e traição, marcada em particular pelo Grande Expurgo e por uma expansão dos campos de trabalho forçado dos Gulags.

Além disso, essa política vai tornar a União Soviética, após a sua vitória contra os invasores nazistas, na segunda superpotência mundial.

A ONU (Organização das Nações Unidas),foi criada oficialmente no período pós segunda guerra mundial, em 1945, no dia 24 de Outubro, por meio do documento de fundação conhecido como Carta das Nações Unidas, em que  os principais propósitos da organização são: manter a paz e a segurança internacional, realizar a cooperação internacional económica, social, cultural e humanitária, promovendo o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais, ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a conservação desses objetivos comuns, todos eles auxiliados pela  Declaração Universal dos Direitos Humanos que defende a liberdade, a justiça, a paz, a defesa dos direitos fundamentais do Homem e a igualdade de direitos dos homens e das mulheres.

O seu sistema é formado por programas, fundos e agências especializadas, como por exemplo, a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e a OMS (Organização Mundial de Saúde).

 

Na atualidade, a violência está presente em todos os segmentos da sociedade, manifestando-se de diversas formas, e gerando impactos e consequências sociais. A violência social é um facto universal que ronda todas as organizações societárias, e é gerada pela fonte da marginalidade social, consequência de diversos fatores que envolvem as relações sociais e de poder. Como exemplo podemos dar a guerra, a violência de gangues, a violência doméstica, os atentados a patrimónios públicos, a violação e as taxas de homicídios elevadas.  

Embora a história registe muitos acontecimentos de desrespeito absoluto pelos direitos básicos e inalienáveis do ser humano e que ainda hoje esse desrespeito seja notório em muitos lugares do mundo e em circunstâncias da vida quotidiana, muito foi conquistado. Graças à atuação de homens e mulheres, inconformados com um estado de coisas inaceitáveis e  indignas, a mudança acontece.  E são muitos os exemplos que podem ser apresentados. Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King, Rosa Parks, Aristides de Sousa Mendes, Malala Yousafzai, e outros, ousaram desafiar a autoridade arbitrária de Estados injustos e lutaram pela conquista de direitos iguais para todos. A maioria destes exemplos encabeçaram movimentos pela defesa de direitos civis e pagaram com a vida, ou parte dela, para que hoje gozemos de condições de vida mais dignas e sejamos reconhecidos como iguais, independentemente da cor da pele, da religião, da etnia, do sexo e da idade.  Mas a luta continua! É preciso ser vigilante e atuante, para que a tendência ao conformismo não nos tire o discernimento moral e saibamos sempre tomar as melhores decisões e respeitar os direitos que são de todos e cada um.


Dia da Criança - Teatro no Pavilhão Multiusos
















 

Dia da Criança - Visita ao Centro de Interpretação do Barco Rabelo














 

À conversa com o Sr. Ricardo Costa, segundo comandante da corporação de bombeiro das Cruz Verde, Vila Real -

 

À conversa com o Sr. Ricardo Costa, segundo comandante da corporação de bombeiro das Cruz Verde, Vila Real



No dia 28 de abril pelas 10h30, um grupo de quatro alunas do 12º B, Raquel Pinto, Carolina Teixeira, Mariana Teixeira e Mariana Gonçalves, tiveram o privilégio de estar à conversa com o senhor Ricardo Costa, 2º comandante da corporação da Cruz Verde, de Vila Real, através de uma sessão de videoconferência. Este evento foi realizado no âmbito da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e teve o intuito de auxiliar na realização do trabalho que desenvolveram sobre o dia a dia dos bombeiros voluntários numa corporação como a Cruz Verde.


Com um modo muito simpático e disponível, respondeu a todas as questões que as alunas colocaram e partilhou com elasvárias experiências sobre o dia a dia de um bombeiro voluntário e de um bombeiro assalariado, sobre as várias entidades com quem estão associados (INEM, Proteção Civil, Município), além de mencionar a existência de duas equipas em permanência no quartel para ocorrer a qualquer situação.

No decorrer da conversa, realçou a sua transição da vida militar para a vida dovoluntariado, o gosto que nutre pela vida de bombeiro e a oportunidade que o levou a abraçar a missão há já cinco anos.

Como não podia faltar, deu a conhecer as várias valências que constituem a Cruz Verde, desde a Emergência Pré-hospitalar, Transporte de Doentes, ao Combate a incêndios.

Foi sem dúvida uma conversa muito agradável e enriquecedora e que muito contribuiu para aumentar o conhecimento destas alunas curiosas.

Raquel Pinto,

Carolina Teixeira,

Mariana Teixeira

Mariana Gonçalves

10º A - " O admirável mundo novo... ou não" - Profª Madalena Neto

 

"A pobreza é um problema transversal às sociedades de todos os países, comprometendo um nível de desenvolvimento social e económico fundamental a um mundo onde são asseguradas as condições de uma vida digna, a todos os seres humanos. O seu combate tem subjacente um problema de justiça social e levanta questões de âmbito moral. "Temos a obrigação de combater a pobreza?" foi a questão colocada aos alunos da turma do 10ºA que, no âmbito da disciplina de Filosofia e do projeto de Articulação e Flexibilidade Curricular da turma, foram desafiados a desenvolver um ensaio filosófico, aplicando as competência de conceptualização, problematização e argumentação, específicas da disciplina e presentes no perfil do aluno. O objetivo foi sensibilizar os alunos para um problema sem fronteira e que afeta a todos e provocar nos mesmos um posicionamento ético, tendo por base as teorias já estudadas."

O ensaio que se segue foi realizado pelos alunos Rafael Martins, nº 19, Francisca Pereira, nº 22 e Mariana Oliveira, nº 24...

Ensaio Filosófico

“Temos o dever de combater a pobreza?”

 

Neste ensaio filosófico, procuramos discutir o problema “Será que é nossa obrigação moral combater a pobreza?”. O objetivo deste ensaio é criar um texto argumentativo no qual exponhamos a nossa opinião justificada sobre o problema mencionado, fundamentando o nosso ponto de vista com argumentos sólidos, apoiando-nos em informações retiradas da internet com o fim de aprofundar o nosso conhecimento no assunto antes de o abordarmos.

Assim, primeiramente, é necessário entender o que é, afinal, a pobreza. Segundo a Organização das Nações Unidas, podemos distinguir dois tipos de pobreza. A pobreza absoluta consiste na privação severa de necessidades humanas básicas, tais como comida, água ou saúde. Este tipo de pobreza não depende dos rendimentos, mas sim da privação a serviços públicos básicos e essenciais. Para além disto, este tipo de pobreza divide-se em pobreza primária, quando o rendimento permite apenas a manutenção, ainda que ao mais baixo nível e em pobreza secundária, quando o rendimento é suficiente para satisfazer as necessidades básicas, embora estas não sejam satisfeitas graças à má administração dos rendimentos. A ONU caracteriza o segundo tipo de pobreza como pobreza relativa que consiste na existência de apenas o suficiente para subsistir. Em 2019, as Nações Unidas realizaram um estudo no qual analisaram o número de pessoas a viver na pobreza em 101 países. O resultado foi avassalador: do total populacional desses países, 500 milhões de pessoas viviam no limiar da pobreza. Acredita-se que, no século XXI, existam mais de 1,6 mil milhões de pessoas a viver na pobreza.

Depois de encontrarmos estes dados, acreditamos que a importância deste estudo se encontra neles. A palavra “pobre” entra no nosso discurso verbal quase todos os dias. Discutimos e chegamos a acordo de que vivemos numa sociedade que, em termos monetários, raramente observa para além da própria pessoa, desejando sempre mais do que tem, sem saber (ou importar) que alguém, talvez a um oceano de distância, talvez a viver na casa do lado, vive dez vezes pior. É importante perceber e parar para refletir que hoje em dia aqueles que podem afirmar que “vivem bem” são uma gota num oceano de pessoas que não têm o suficiente para muitas vezes, viver sequer. Têm apenas o suficiente para sobreviver. Este estudo revela-se importante porque a pobreza é um problema real, que existe aqui e agora e que não deve ser evitado, mas sim resolvido.

Posto isto, afirmamos que é nossa obrigação moral combater a pobreza. Tal como combater muitos outros males, o combate à pobreza pode ser feito através de pequenos gestos que naturalmente levam a ações mais grandiosas. Apoiamos, em primeiro lugar, a ideia referida no texto apresentado como exemplo para este trabalho: “(…) se estiver nas nossas mãos evitar que aconteça um grande mal, sem com isso sacrificarmos nada de importância moral comparável, devemos fazê-lo (…)”. Podemos ainda pensar no assunto como uma questão de empatia. Se fossemos nós que não tivéssemos um telhado sob a cabeça ou dinheiro suficiente para comprar pão gostaríamos que alguém nos “desse uma mão”. Já Kant afirmava que um ser humano é dotado de dignidade e que nunca deve ser tratado como um meio, mas sim como um fim e, como todos os humanos se igualam em termos de dignidade, fazer mal ao próximo significa fazer mal a nós próprios.

Em segundo lugar, o acesso à saúde, educação, comida, água, etc., é um direito humano que não deve ser privado a ninguém. Acreditamos por isso que é nossa obrigação moral combater a pobreza ajudando aqueles que são privados destes direitos porque, quando se trata de obrigações, fazer o correto e ignorar o que é errado não é uma opção, mas sim uma obrigação moral. Quando colocamos em causa direitos humanos, a moralidade é inflexível.

Existem, porém, aqueles que dirão que não é nossa obrigação moral combater a pobreza dizendo, com fracos argumentos, que não é nossa culpa que a pessoa pobre se encontre numa situação de carência e por isso não somos obrigados a ajudá-la. Todavia, esta tese não é bem-sucedida porque, se estamos perante alguém que não tem o suficiente para viver e necessita de ajuda para ter acesso às coisas que nos parecem tão banais e nós negamos-lhe a ajuda, mesmo sabendo que não abdicaríamos de nada com importância moral comparável, não somos tão culpados quanto as circunstâncias ou pessoas que colocaram aquele ser humano numa tão delicada situação? Não estaríamos nós a negar àquela pessoa direitos básicos que devem ser garantidos a qualquer humano, ignorando por completo a sua dignidade, tratando-a como um meio e, em consequência, desrespeitando-nos a nós próprios?

Em conclusão, com este ensaio afirmamos que combater a pobreza é uma obrigação moral. Todo o ser humano que seja privado de direitos humanos básicos deve ser ajudado e todo o ser humano que tenha o poder e se encontre na posição de ajudar deve fazê-lo.

 

Fontes consultadas:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_absoluta

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_relativa

https://news.un.org/pt/story/2019/07/1679661

https://unric.org/pt/eliminar-a-pobreza/

https://www.eumed.net/rev/cccss/30/pobreza.html

Trabalho de grupo realizado no âmbito da disciplina de Filosofia.

Ano:10º

Turma: A

Grupo constituído por:

         Rafael Martins, Nº19

         Francisca Pereira, Nº22

         Mariana Oliveira, Nº24

Docente: Madalena Neto

Ciências, Tecnologia e Sociedade - A Diabetes

 

Ciência, Tecnologia e Sociedade – A Diabetes

 

Um grupo de alunos do 9.ºA do AEPAN, cuja curiosidade foi aguçada por um trabalho de pesquisa da disciplina de Ciências Naturais, orientado pela Professora Rita Meireles;quis aprofundar mais a temática do diagnóstico e tratamento (avanços tecnológicos) da diabetes e disponibilizar essa informaçãoà comunidade educativa... Mais informados estamos mais preparados e solidários...

 

Alunos Curiosos 9.º A -Podem dividir connosco como foi o seu momento do diagnóstico da diabetes (Quando e como descobriram que tinham diabetes?)?

Sr.ª Prof. Fátima Pinho - Descobri quando fui ao médico de família e lhe mostrei umas análises.

Aluna AEPAN - Quando descobriram que tinha diabetes tinha eu 1 ano e meio. Quando me detetaram já não estava nas melhores condições, já estava e entrar em coma, devido a um erro de uma médica que não me detetou logo e não avaliou como devia de ser. Se detetasse, as coisas não chegavam ao ponto que chegaram. Eu era pequena por isso não tenho memória, sei disto porque os meus pais me contaram.

 

A.C. 9.º A - Que sintomatologia /alterações levaram à suspeita da doença?

Sr.ª Prof. F. P. - Nunca suspeitei que fosse diabetes. Na altura, estava na Faculdade e quando fui realizar um exame para o qual tinha estudado bastante, deu-me uma branca total. Entrei em pânico e pensei que fosse algum esgotamento. Fui ao médico e ele mandou-me fazer análises.

Aluna AEPAN - Bem, a sintomatologia que tinha era a seguinte: eu de um momento para o outro emagreci muito e comecei a beber muita água, estava muito parada o dia inteiro e não brincava, o que não é normal numa criança saudável, isto sei porque a minha mãe me contou

 

A.C. 9.º A - Qual foi a vossa reação ao descobrirem que sofriam de diabetes?

Sr.ª Prof. F. P. - A minha reação foi muito má, chorei durante uma semana. Depois aceitei e pensei que há pessoas que têm, infelizmente, doenças piores.

Aluna AEPAN - Bem, eu já tenho esta doença desde pequenina, então não foi tão difícil. Como já referi na 1.ª pergunta, não me lembro muito bem das coisas dado ser pequena. Como eu era pequenina não tinha muita noção das coisas, via a minha mãe a medir-me a glicemia todos os dias e várias vezes, mas não entendia porque me faziam aquilo. Quando comecei a entender as coisas não reagi mal dado que estava no meu dia a dia, quando fiquei mais crescida, lá para os meus 3 anos já começava a questionar e a perguntar “porque é que eu faço e os meus amigos não?”. No meu ponto de vista, acho que até foi melhor ter com aquela idade, porque se fosse agora acho que me custava mais e não iria reagir lá muito bem, então como sou desde pequena reagi bem.

 

A.C. 9.º A - Usamalguma tecnologia/dispositivo no tratamento quotidiano desta patologia?

a.       Se sim, qual(ais)?

Sr.ª Prof. F. P. - Uso o sensor de glicémia.

Aluna AEPAN – Sim, uso dois diapositivos novos um acabado de ser lançado recentemente, utilizo a bomba infusora e os sensores.

b.       Há quanto tempo?

Sr.ª Prof. F. P. - Há 4 anos.

Aluna AEPAN - A bomba infusora há 2 anos e os sensores há 4 anos.

 

c.        Reconhecem vantagens no seu uso?

Sr.ª Prof. F. P. - Sim.

Aluna AEPAN - Sim, as vantagens da bomba infusora são que já não ando sempre a injetar-me e tenho uma melhor perceção da minha diabetes, já não tenho tantas hipoglicemias (os valores da glicose baixos). O sensor também é bom, porque já não tenho que andar sempre a picar os dedos e chega a ser desgastante para os dedos, falando em uma linguagem mais simples, vamos a ver são 17 anos a sofrer com as agulhas nos dedos, às vezes tinha momentos que doía, agora facilita mais.

 

d.       E desvantagens?

Sr.ª Prof. F. P. - Ter de substituí-lo de 14 em 14 dias.

Aluna AEPAN - As desvantagens são poucas o sensor não dá muito bem as leituras corretas, dando uma mínima margem mais alto ou mais baixo, a bomba infusora não me deteta as tais hipoglicemias (os valores baixos) e as vezes ganho infeção no cateter ou às vezes acontece arranca-lo de noite, mas se for a comparar as desvantagens ao que sofria antes acho que são maiores as vantagens.

e.        Podem desenvolver/esclarecer um pouco o que é e para que serve esta tecnologia médica?

Sr.ª Prof. F. P. - É um pequeno sensor que coloco no braço e que substituo a cada 14 dias. Este permite-me fazer uma leitura rápida dos níveis de glicose.

Aluna AEPAN - Estas tecnologias médicas servem para nós termos melhor acompanhamento da nossa glicose e assim andar sempre mais controlada e os médicos terem melhor perceção como estamos. Dado que agora funciona tudo através de Bluetooth, assim este novo método ajudou-nos e com a pandemia nós não íamos ao hospital estas formas ajudaram-nos imenso, estas tecnologias só nos facilitam.

 

f.        Têm conhecimento de outros dispositivos associados à diabetes aos quais gostariam de ter acesso? Qual(ais)? Porquê?

Sr.ª Prof. F. P. - Sim,a bomba de insulina. Esta seria uma alternativa às 6 injeções de insulina que dou diariamente. Pelo que tenho ouvido é mais confortável e o controlo glicémico é mais rigoroso.

Aluna AEPAN - Não por acaso não, mas se se conhece, claro que gostaria de experimentar desde que seja para eu melhorar e para me facilitar a vida, estou sempre disposta a experimentar e a testar.

 

A.C. 9.º A - Sentem-se confortáveis a usar os dispositivos em público?

Sr.ª Prof. F. P. - Sim, não tenho razões para esconder a minha doença. Pelo contrário, é importante que outros tenham conhecimento pois a qualquer momento posso precisar de ajuda se em algum momento perder a consciência por uma alteração muito rápida dos níveis de açúcar no sangue.

Aluna AEPAN - Tocaram no meu ponto fraco, não gosto de falar e nem me sinto confortável.

A.C. 9.º A - Para além do uso dos dispositivos referidos,que cuidados e rotinas têm, para controlar a diabetes?

Sr.ª Prof. F. P. - Faço o controlo da alimentação e, sempre que possível respeito os horários das refeições principais; não ultrapasso as 3h sem ingestão de alimentos; respeito os horários da toma de insulina; vigio se existe alguma alteração nos pés; faço o controlo do peso e realizo algum exercício físico.

Aluna AEPAN - Cuidados não são muitos. Desde que tenho os diabetes há 17 anos sempre tive uma alimentação saudável, faço caminhadas para me ajudar na glicose e porque o desporto faz bem aos diabetes como a qualquer outro problema de saúde, como tenho já há bastante tempo não tive que fazer alterações na minha rotina por isso não foi difícil para mim. No entanto, há que ter bastantes cuidados se queremos ter uma diabetes controlada, é preciso esforço e dedicação.

 

A.C. 9.º A - E em relação ao vosso quotidiano e alimentação, tiveram que fazer alterações para conviver com a doença?

Sr.ª Prof. F. P. - Sim, deixar, por exemplo, de comer alimentos açucarados, refrigerantes e diminuir os hidratos de carbono, principalmente o pão. Respeitar os horários da alimentação.

Aluna AEPAN - Como eu sou diabética desde pequenina não tive que fazer nenhuma modificação na minha alimentação pelo contrário tenho uma boa alimentação desde pequena, por isso não me custa.

 

A.C. 9.º A - Sentem alguma limitação por ter diabetes?

Sr.ª Prof. F. P. - Neste momento, passados 18 anos, não.

Aluna AEPAN - Sim, tenho algumas limitações, mas não quer dizer que deixe de fazer, apenas tenho te ter um cuidado redobrado para que não me sinta mal. Posso dar-vos um exemplo, sou Bombeira e não é por ter diabetes que vou deixar de ser. Como referi em cima é preciso ter cuidado e alimentar-me mais vezes para que tudo corra bem.

 

A.C. 9.º A - Têmm vergonha de ter esta doença? Se não, já tiveram?

Sr.ª Prof. F. P. Não, nunca tive.

Aluna AEPAN - Sim, tenho vergonha e é um assunto que me custa falar. Raramente falo com as pessoas, tento que as pessoas não saibam do meu problema.

 

A.C. 9.º A - Antes de serem diagnosticadas já tinham conhecimento aprofundado sobre esta doença e sobre os seus riscos?

Sr.ª Prof. F. P. - Sim, porque tenho familiares diretos com a doença.

Aluna AEPAN - Como eu era pequena e não tinha noção do risco, mas ao longo do meu crescimento fui aprendendo.

 

A.C. 9.º A - Já tiveram complicações associadas à diabetes?

Sr.ª Prof. F. P. - Sim,já me afetou os nervos sensitivos dos pés e os olhos.

Aluna AEPAN - Não, graças a Deus e espero não ter porque ninguém quer sofrer mais que o que já sofremos ainda sou muito nova, mas o facto de ser nova não interessa eu já tenho esta doença há muitos anos, os meus órgãos podem ficar cansados.

 

A.C. 9.º A - Alguma coisa as preocupa/assusta em relação a esta doença?

Sr.ª Prof. F. P. - Sim,precisar de fazer hemodiálise e os derrames que já tenho na retina evoluírem.

Aluna AEPAN - Sim, o facto de vir a sofrer algum problema nos rins, penso muito nisso, então prefiro não pensar muito sobre isso e controlar a diabetes para não ter nenhuma complicação.

 

A.C. 9.º A - Que pensamentos/sentimentos acham que teriam se fosse diagnosticada diabetes a um dos vossos filhos?

Sr.ª Prof. F. P. - Há uns anos atrás, diria que me sentiria culpada. Neste momento aceitaria, pois, a doença pode ser genética.

Aluna AEPAN - Não seria fácil. Eu às vezes penso nisso, às vezes até penso em não ter filhos por causa disso, mas depois penso é uma doença como as outras é só ter cuidado que tudo corre bem. O mais provável é o meu filho herdar a minha doença, nenhum pai quer ver um filho sofrer, ou ter uma doença. O que eu farei é explicar tudo bem explicado e simplificar-lhe as coisas para lhe ser mais fácil, tendo-me a mim como exemplo.

A.C. 9.º A - Gostariam de transmitir alguma mensagem a uma pessoa a quem acaba de ser diagnosticada a diabetes?

Sr.ª Prof. F. P. - Que no início é sempre difícil lidar com uma doença crónica, mas com um controlo diário eficiente consegue-se ter uma vida sem muitas limitações.

Aluna AEPAN - A mensagem que transmito é não ligar às pessoas que não sabem o que dizem, porque isso não te vai ajudar, vai é prejudicar-te, ter cuidado com a alimentação e controlar e fazer as coisas direitinhas, se cumprires com as recomendações corre tudo bem e não escondas o problema que tens. Diz às pessoas à tua volta, caso te sintas mal, as pessoas que estão à tua volta podem ajudar-te o mais rápido possível evitando complicações graves como por exemplo coma hipoglicémico.

 

A.C. 9.º A - E a uma mãe a quem o filho acaba de ser diagnosticado com diabetes?

Sr.ª Prof. F. P. - Que é importante saber que esta doença tem que ter cuidados diários, como o cumprimento dos horários da alimentação e da medicação, bem como uma rotina de exercícios orientando-o para os mesmos. E, claro, muito amor, carinho, presença e apoio constante.

Aluna AEPAN - Ficaria triste, mas eu iria fazer de tudo para que o meu filho se sentisse bem com ele mesmo ajudá-lo em tudo e lutarmos os dois nessa batalha. Nunca estaríamos sozinhos. Sei que não é fácil ele compreender a doença e as perguntas todas que me irá colocar, mas com o tempo ele irá compreender e cada dia que passe vai se tornar mais fácil e vai conseguir superar.

 

A.C. 9.º A - Relativamente a esta temática, querem partilhar mais alguma coisa? Ficou algo por dizer?

Sr.ª Prof. F. P. Gostaria de reforçar que sendo esta uma doença silenciosa é importante que todos estejam atentos aos sinais, como por exemplo, idas frequentes à casa de banho, sede constante, aumento de apetite e perda de peso, de modo a identificar precocemente e evitar futuras complicações.

Aluna AEPAN - O que posso partilhar é que tenham cuidado com a alimentação, pratiquem desporto, levem uma vida saudável, porque a qualquer momento podemos ficar com a doença. Eu digo muitas vezes “HOJE SOU EU AMANHÃ PODES SER TU”. Não gozem com as pessoas que têm este problema, porque já não é fácil falar, então ter pessoas a fazerem comentários estúpidos torna, mais difícil e leva-nos a resguardarmo-nos e a não falarmos.

A.C. 9.º A - MUITO OBRIGADO, pela enorme generosidade da partilha…