https://pnl2027.gov.pt/np4/sugestao_24julho2021.html
26 de julho de 2021
19 de julho de 2021
12 de julho de 2021
5 de julho de 2021
3 de julho de 2021
Projeto de Articulação Curricular –“Os Direitos Humanos” 12ºB e Profª Paula Magalhães
Projeto de Articulação Curricular –“Os Direitos
Humanos”
12ºB
e Profª Paula Magalhães
Apesar de assegurados, os direitos humanos foram
desrespeitados e de toda a forma ignorados. Por muitas décadas o peso das
grandes guerras assolava a vida e o quotidiano de cada família.
Na Itália tínhamos Benito Mussolini, uma das figuras chave
na criação do fascismo, abandonando qualquer estética democrática e
estabelecendo a sua ditadura totalitária, instalando assim o terror no país.
A obediência cega das massas obcecou, com efeito, a prática
fascista, avessa à vontade individual e ao espírito crítico. Por isso, os
ideais fascistas inculcavam-se
primeiramente nos jovens, já que as crianças, mais do que às famílias,
pertenciam ao Estado.
Ainda assim, Mussolini não conquistara o poder e já os
esquadristas semeavam o pânico com as suas "expedições punitivas".
Incendiavam e roubavam os sindicatos e as organizações políticas de esquerda,
cujos dirigentes abatiam ou, na melhor
das hipóteses, espancavam. Com a chegada de 1923, os esquadristas foram
reconhecidos oficialmente como milícias armadas do Partido Nacional- Fascista.
Receberam a designação de Milícia Voluntária para a Segurança Nacional,
cabendo-lhes vigiar, denunciar e
reprimir qualquer ato conspiratório. Idênticas funções competiam à polícia
política e muito a propósito apelidada de Organização de Vigilância e Repressão
do Antifascismo (OVRA).
Outro
exemplo dessas vivências aconteceu na Alemanha nazi com Hitler. O desrespeito
ia de humilhações públicas, como a estrela de David imposta pelo Estado à
população judaica, uma maneira de separar a população alemã e elevar a
credibilidade e superioridade da raça ariana. A ciência também tentava
comprovar que estes não eram dignos. Destas atrocidades resultaram mais de 60
milhões de mortos grande parte deles judeus, mas também prisioneiros de guerra,
opositores ao Estado, ciganos, aleijados e homossexuais, vítimas das câmaras de
gás e doenças como a sarna e o tifo em campos de trabalho forçado, concentração
ou extermínio, tratados como escravos e nunca reconhecidos como seres humanos.
De um ponto de vista mais próximo temos o Estado Novo de
Salazar em que basicamente o medo geria a vida das pessoas e encarregava-se de
“disciplinar” e “conter" a oposição ao governo. Diversas torturas, tais
como a tortura do sono e tratamentos desumanos capazes de ser comparados às
vivências da Alemanha Nazi era o comum na ditadura.
Instituições como o Tarrafal, o
Forte de Peniche e de Caxias guardam até hoje
nas paredes as memórias da desumanidade incitada por Portugal.
São diversas as obras literárias que
fazem alusão a este período mais cinzento de Portugal. O ano da morte de
Ricardo Reis, de José Saramago, é exemplo do que se disse. Esta passagem do
capítulo IX é bem o exemplo dos interrogatórios ameaçadores que eram conduzidos
pelos agentes da polícia do Estado: “[…] Esse é o seu engano, eu conheço muitos
nomes, Não direi nenhum, Muito bem, tenho outras maneiras de os saber, se for
preciso, Como queira, Havia militares entre essas suas amizades, ou políticos,
Nunca me dei com pessoas dessas, Nenhum militar, nenhum político, Não posso
garantir que não me tenham procurado como médico, Mas desses não ficou amigo,
Por acaso não, De nenhum, Sim senhor, de nenhum, Singular coincidência, A vida
é toda feita de coincidências, Estava no Rio de Janeiro quando se deu a última
revolta, Estava, Não acha que é outra coincidência singular ter voltado para
Portugal logo a seguir a uma
intentona revolucionária, Tão singular como estar o hotel de que sou hóspede
cheio de espanhóis depois das eleições que em Espanha houve, Ah, quer então
dizer que fugiu do Brasil, Não foi isso que eu disse, Comparou o seu caso com o
dos espanhóis que vieram para Portugal, Foi só para mostrar que há sempre uma
causa para um efeito, E o seu efeito, que causa teve, Já lhe disse, sentia
saudades do meu país, resolvi voltar, Quer dizer, não foi por medo que
regressou, Medo de quê, De ser incomodado pelas autoridades de lá, por exemplo,
Ninguém me incomodou nem antes nem depois da revolta, […]”
Na
URSS, no tempo de Estaline, verificou-se um desrespeito pelos direitos humanos.
Esta política teve como resultado
milhões de mortes devido à queda dramática da qualidade de vida dos cidadãos e
abriu um longo reinado de terror e traição, marcada em particular pelo Grande
Expurgo e por uma expansão dos campos de trabalho forçado dos Gulags.
Além disso, essa política vai tornar
a União Soviética, após a sua vitória contra os invasores nazistas, na segunda
superpotência mundial.
A
ONU (Organização das Nações Unidas),foi criada oficialmente no período pós
segunda guerra mundial, em 1945, no dia 24 de Outubro, por meio do documento de
fundação conhecido como Carta das Nações Unidas, em que os principais propósitos da organização são:
manter a paz e a segurança internacional, realizar a cooperação internacional
económica, social, cultural e humanitária, promovendo o respeito pelos direitos
humanos e pelas liberdades fundamentais, ser um centro destinado a harmonizar a
ação dos povos para a conservação desses objetivos comuns, todos eles
auxiliados pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos que defende a liberdade, a justiça, a paz, a defesa dos
direitos fundamentais do Homem e a igualdade de direitos dos homens e das
mulheres.
O
seu sistema é formado por programas, fundos e agências especializadas, como por
exemplo, a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a FAO (Organização
das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e a OMS (Organização
Mundial de Saúde).
Na
atualidade, a violência está presente em todos os segmentos da sociedade,
manifestando-se de diversas formas, e gerando impactos e consequências sociais.
A violência social é um facto universal que ronda todas as organizações
societárias, e é gerada pela fonte da marginalidade social, consequência de
diversos fatores que envolvem as relações sociais e de poder. Como exemplo
podemos dar a guerra, a violência de gangues, a violência doméstica, os
atentados a patrimónios públicos, a violação e as taxas de homicídios elevadas.
Embora
a história registe muitos acontecimentos de desrespeito absoluto pelos direitos
básicos e inalienáveis do ser humano e que ainda hoje esse desrespeito seja
notório em muitos lugares do mundo e em circunstâncias da vida quotidiana,
muito foi conquistado. Graças à atuação de homens e mulheres, inconformados com
um estado de coisas inaceitáveis e
indignas, a mudança acontece. E
são muitos os exemplos que podem ser apresentados. Gandhi, Nelson Mandela,
Martin Luther King, Rosa Parks, Aristides de Sousa Mendes, Malala Yousafzai, e
outros, ousaram desafiar a autoridade arbitrária de Estados injustos e lutaram
pela conquista de direitos iguais para todos. A maioria destes exemplos
encabeçaram movimentos pela defesa de direitos civis e pagaram com a vida, ou
parte dela, para que hoje gozemos de condições de vida mais dignas e sejamos
reconhecidos como iguais, independentemente da cor da pele, da religião, da
etnia, do sexo e da idade. Mas a luta
continua! É preciso ser vigilante e atuante, para que a tendência ao
conformismo não nos tire o discernimento moral e saibamos sempre tomar as
melhores decisões e respeitar os direitos que são de todos e cada um.
À conversa com o Sr. Ricardo Costa, segundo comandante da corporação de bombeiro das Cruz Verde, Vila Real -
À
conversa com o Sr. Ricardo Costa, segundo comandante da corporação de bombeiro
das Cruz Verde, Vila Real
No
dia 28 de abril pelas 10h30, um grupo de quatro alunas do 12º B, Raquel Pinto,
Carolina Teixeira, Mariana Teixeira e Mariana Gonçalves, tiveram o privilégio
de estar à conversa com o senhor Ricardo Costa, 2º comandante da corporação da
Cruz Verde, de Vila Real, através de uma sessão de videoconferência. Este
evento foi realizado no âmbito da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e
teve o intuito de auxiliar na realização do trabalho que desenvolveram sobre o
dia a dia dos bombeiros voluntários numa corporação como a Cruz Verde.
Com um modo muito
simpático e disponível, respondeu a todas as questões que as alunas colocaram e
partilhou com elasvárias experiências sobre o dia a dia de um bombeiro
voluntário e de um bombeiro assalariado, sobre as várias entidades com quem
estão associados (INEM, Proteção Civil, Município), além de mencionar a
existência de duas equipas em permanência no quartel para ocorrer a qualquer
situação.
No decorrer da
conversa, realçou a sua transição da vida militar para a vida dovoluntariado, o
gosto que nutre pela vida de bombeiro e a oportunidade que o levou a abraçar a
missão há já cinco anos.
Como não podia faltar,
deu a conhecer as várias valências que constituem a Cruz Verde, desde a Emergência
Pré-hospitalar, Transporte de Doentes, ao Combate a incêndios.
Foi sem dúvida uma
conversa muito agradável e enriquecedora e que muito contribuiu para aumentar o
conhecimento destas alunas curiosas.
Raquel Pinto,
Carolina
Teixeira,
Mariana Teixeira
Mariana
Gonçalves
10º A - " O admirável mundo novo... ou não" - Profª Madalena Neto
"A pobreza é um problema transversal às
sociedades de todos os países, comprometendo um nível de desenvolvimento social
e económico fundamental a um mundo onde são asseguradas as condições de uma
vida digna, a todos os seres humanos. O seu combate tem subjacente um problema
de justiça social e levanta questões de âmbito moral. "Temos a obrigação
de combater a pobreza?" foi a questão colocada aos alunos da turma do 10ºA
que, no âmbito da disciplina de Filosofia e do projeto de Articulação e
Flexibilidade Curricular da turma, foram desafiados a desenvolver um ensaio
filosófico, aplicando as competência de conceptualização, problematização e
argumentação, específicas da disciplina e presentes no perfil do aluno. O
objetivo foi sensibilizar os alunos para um problema sem fronteira e que afeta
a todos e provocar nos mesmos um posicionamento ético, tendo por base as
teorias já estudadas."
O ensaio que se segue foi realizado pelos alunos
Rafael Martins, nº 19, Francisca Pereira, nº 22 e Mariana Oliveira, nº 24...
Ensaio Filosófico
“Temos o dever de combater a pobreza?”
Neste ensaio filosófico, procuramos
discutir o problema “Será que é nossa obrigação moral combater a pobreza?”. O
objetivo deste ensaio é criar um texto argumentativo no qual exponhamos a nossa
opinião justificada sobre o problema mencionado, fundamentando o nosso ponto de
vista com argumentos sólidos, apoiando-nos em informações retiradas da internet
com o fim de aprofundar o nosso conhecimento no assunto antes de o abordarmos.
Assim, primeiramente, é necessário
entender o que é, afinal, a pobreza. Segundo a Organização das Nações Unidas,
podemos distinguir dois tipos de pobreza. A pobreza absoluta consiste na
privação severa de necessidades humanas básicas, tais como comida, água ou
saúde. Este tipo de pobreza não depende dos rendimentos, mas sim da privação a
serviços públicos básicos e essenciais. Para além disto, este tipo de pobreza
divide-se em pobreza primária, quando o rendimento permite apenas a manutenção,
ainda que ao mais baixo nível e em pobreza secundária, quando o rendimento é
suficiente para satisfazer as necessidades básicas, embora estas não sejam
satisfeitas graças à má administração dos rendimentos. A ONU caracteriza o
segundo tipo de pobreza como pobreza relativa que consiste na existência de
apenas o suficiente para subsistir. Em 2019, as Nações Unidas realizaram um
estudo no qual analisaram o número de pessoas a viver na pobreza em 101 países.
O resultado foi avassalador: do total populacional desses países, 500 milhões
de pessoas viviam no limiar da pobreza. Acredita-se que, no século XXI, existam
mais de 1,6 mil milhões de pessoas a viver na pobreza.
Depois de encontrarmos estes dados,
acreditamos que a importância deste estudo se encontra neles. A palavra “pobre”
entra no nosso discurso verbal quase todos os dias. Discutimos e chegamos a
acordo de que vivemos numa sociedade que, em termos monetários, raramente
observa para além da própria pessoa, desejando sempre mais do que tem, sem
saber (ou importar) que alguém, talvez a um oceano de distância, talvez a viver
na casa do lado, vive dez vezes pior. É importante perceber e parar para
refletir que hoje em dia aqueles que podem afirmar que “vivem bem” são uma gota
num oceano de pessoas que não têm o suficiente para muitas vezes, viver sequer.
Têm apenas o suficiente para sobreviver. Este estudo revela-se importante
porque a pobreza é um problema real, que existe aqui e agora e que não deve ser
evitado, mas sim resolvido.
Posto isto, afirmamos que é nossa
obrigação moral combater a pobreza. Tal como combater muitos outros males, o
combate à pobreza pode ser feito através de pequenos gestos que naturalmente
levam a ações mais grandiosas. Apoiamos, em primeiro lugar, a ideia referida no
texto apresentado como exemplo para este trabalho: “(…)
se estiver nas nossas mãos evitar que aconteça um grande mal, sem com isso
sacrificarmos nada de importância moral comparável, devemos fazê-lo (…)”.
Podemos ainda pensar no assunto como uma questão de empatia. Se fossemos nós
que não tivéssemos um telhado sob a cabeça ou dinheiro suficiente para comprar
pão gostaríamos que alguém nos “desse uma mão”. Já Kant afirmava que um ser
humano é dotado de dignidade e que nunca deve ser tratado como um meio, mas sim
como um fim e, como todos os humanos se igualam em termos de dignidade, fazer
mal ao próximo significa fazer mal a nós próprios.
Em segundo lugar, o acesso à saúde,
educação, comida, água, etc., é um direito humano que não deve ser privado a
ninguém. Acreditamos por isso que é nossa obrigação moral combater a pobreza
ajudando aqueles que são privados destes direitos porque, quando se trata de
obrigações, fazer o correto e ignorar o que é
errado não é uma opção, mas sim uma obrigação moral. Quando colocamos em causa
direitos humanos, a moralidade é inflexível.
Existem, porém, aqueles que
dirão que não é nossa obrigação moral combater a pobreza dizendo, com fracos
argumentos, que não é nossa culpa que a pessoa pobre se encontre numa situação
de carência e por isso não somos obrigados a ajudá-la. Todavia, esta tese não é
bem-sucedida porque, se estamos perante alguém que não tem o suficiente para
viver e necessita de ajuda para ter acesso às coisas que nos parecem tão banais e nós negamos-lhe a ajuda,
mesmo sabendo que não abdicaríamos de nada com importância moral comparável,
não somos tão culpados quanto as circunstâncias ou pessoas que colocaram aquele
ser humano numa tão delicada situação? Não estaríamos nós a negar àquela pessoa
direitos básicos que devem ser garantidos a qualquer humano, ignorando por
completo a sua dignidade, tratando-a como um meio e, em consequência,
desrespeitando-nos a nós próprios?
Em conclusão, com este
ensaio afirmamos que combater a pobreza é uma obrigação moral. Todo o ser
humano que seja privado de direitos humanos básicos deve ser ajudado e todo o
ser humano que tenha o poder e se encontre na posição de ajudar deve fazê-lo.
Fontes consultadas:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_absoluta
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_relativa
https://news.un.org/pt/story/2019/07/1679661
https://unric.org/pt/eliminar-a-pobreza/
https://www.eumed.net/rev/cccss/30/pobreza.html
Trabalho de grupo realizado no âmbito
da disciplina de Filosofia.
Ano:10º
Turma: A
Grupo constituído por:
⮚
Rafael Martins, Nº19
⮚
Francisca Pereira, Nº22
⮚
Mariana Oliveira, Nº24
Docente: Madalena Neto
Ciências, Tecnologia e Sociedade - A Diabetes
Ciência, Tecnologia e
Sociedade – A Diabetes
Um grupo de
alunos do 9.ºA do AEPAN, cuja curiosidade foi aguçada por um trabalho de
pesquisa da disciplina de Ciências Naturais, orientado pela Professora Rita
Meireles;quis aprofundar mais a temática do diagnóstico e tratamento (avanços
tecnológicos) da diabetes e disponibilizar essa informaçãoà comunidade
educativa... Mais informados estamos mais preparados e solidários...
Alunos Curiosos 9.º A -Podem dividir connosco como foi o seu momento do
diagnóstico da diabetes (Quando e como descobriram que tinham diabetes?)?
Sr.ª Prof. Fátima Pinho - Descobri quando fui ao médico de família e lhe
mostrei umas análises.
Aluna AEPAN - Quando descobriram que tinha diabetes tinha eu 1
ano e meio. Quando me detetaram já não estava nas melhores condições, já estava
e entrar em coma, devido a um erro de uma médica que não me detetou logo e não
avaliou como devia de ser. Se detetasse, as coisas não chegavam ao ponto que
chegaram. Eu era pequena por isso não tenho memória, sei disto porque os meus
pais me contaram.
A.C. 9.º A - Que sintomatologia /alterações levaram à suspeita da
doença?
Sr.ª Prof. F. P. - Nunca suspeitei que fosse diabetes. Na altura,
estava na Faculdade e quando fui realizar um exame para o qual tinha estudado
bastante, deu-me uma branca total. Entrei em pânico e pensei que fosse algum
esgotamento. Fui ao médico e ele mandou-me fazer análises.
Aluna AEPAN - Bem, a sintomatologia que tinha era a seguinte: eu
de um momento para o outro emagreci muito e comecei a beber muita água, estava
muito parada o dia inteiro e não brincava, o que não é normal numa criança
saudável, isto sei porque a minha mãe me contou
A.C. 9.º A - Qual foi a vossa reação ao descobrirem que sofriam
de diabetes?
Sr.ª Prof. F. P. - A minha reação foi muito má, chorei durante uma
semana. Depois aceitei e pensei que há pessoas que têm, infelizmente, doenças
piores.
Aluna AEPAN - Bem, eu já tenho esta doença desde pequenina, então
não foi tão difícil. Como já referi na 1.ª pergunta, não me lembro muito bem
das coisas dado ser pequena. Como eu era pequenina não tinha muita noção das
coisas, via a minha mãe a medir-me a glicemia todos os dias e várias vezes, mas
não entendia porque me faziam aquilo. Quando comecei a entender as coisas não
reagi mal dado que estava no meu dia a dia, quando fiquei mais crescida, lá
para os meus 3 anos já começava a questionar e a perguntar “porque é que eu
faço e os meus amigos não?”. No meu ponto de vista, acho que até foi melhor ter
com aquela idade, porque se fosse agora acho que me custava mais e não iria
reagir lá muito bem, então como sou desde pequena reagi bem.
A.C. 9.º A - Usamalguma tecnologia/dispositivo no tratamento
quotidiano desta patologia?
a.
Se sim, qual(ais)?
Sr.ª
Prof. F. P. - Uso o sensor de
glicémia.
Aluna
AEPAN – Sim, uso dois
diapositivos novos um acabado de ser lançado recentemente, utilizo a bomba
infusora e os sensores.
b.
Há quanto tempo?
Sr.ª
Prof. F. P. - Há 4 anos.
Aluna AEPAN - A bomba infusora há 2 anos e os sensores há 4 anos.
c.
Reconhecem vantagens no seu uso?
Sr.ª
Prof. F. P. - Sim.
Aluna AEPAN - Sim, as vantagens da bomba infusora são que já não
ando sempre a injetar-me e tenho uma melhor perceção da minha diabetes, já não
tenho tantas hipoglicemias (os valores da glicose baixos). O sensor também é
bom, porque já não tenho que andar sempre a picar os dedos e chega a ser
desgastante para os dedos, falando em uma linguagem mais simples, vamos a ver
são 17 anos a sofrer com as agulhas nos dedos, às vezes tinha momentos que
doía, agora facilita mais.
d.
E desvantagens?
Sr.ª
Prof. F. P. - Ter de
substituí-lo de 14 em 14 dias.
Aluna
AEPAN - As desvantagens
são poucas o sensor não dá muito bem as leituras corretas, dando uma mínima
margem mais alto ou mais baixo, a bomba infusora não me deteta as tais
hipoglicemias (os valores baixos) e as vezes ganho infeção no cateter ou às
vezes acontece arranca-lo de noite, mas se for a comparar as desvantagens ao
que sofria antes acho que são maiores as vantagens.
e.
Podem desenvolver/esclarecer um pouco o que é e para
que serve esta tecnologia médica?
Sr.ª
Prof. F. P. - É um pequeno
sensor que coloco no braço e que substituo a cada 14 dias. Este permite-me fazer
uma leitura rápida dos níveis de glicose.
Aluna AEPAN - Estas tecnologias médicas servem para nós termos
melhor acompanhamento da nossa glicose e assim andar sempre mais controlada e
os médicos terem melhor perceção como estamos. Dado que agora funciona tudo
através de Bluetooth, assim este novo método ajudou-nos e com a pandemia nós
não íamos ao hospital estas formas ajudaram-nos imenso, estas tecnologias só
nos facilitam.
f.
Têm conhecimento de outros dispositivos associados à
diabetes aos quais gostariam de ter acesso? Qual(ais)? Porquê?
Sr.ª
Prof. F. P. - Sim,a bomba de
insulina. Esta seria uma alternativa às 6 injeções de insulina que dou
diariamente. Pelo que tenho ouvido é mais confortável e o controlo glicémico é
mais rigoroso.
Aluna
AEPAN - Não por acaso
não, mas se se conhece, claro que gostaria de experimentar desde que seja para
eu melhorar e para me facilitar a vida, estou sempre disposta a experimentar e
a testar.
A.C. 9.º A - Sentem-se confortáveis a usar os dispositivos em
público?
Sr.ª Prof. F. P. - Sim, não tenho razões para esconder a minha doença.
Pelo contrário, é importante que outros tenham conhecimento pois a qualquer
momento posso precisar de ajuda se em algum momento perder a consciência por
uma alteração muito rápida dos níveis de açúcar no sangue.
Aluna AEPAN - Tocaram no meu ponto fraco, não gosto de falar e
nem me sinto confortável.
A.C. 9.º A - Para além do uso dos dispositivos referidos,que
cuidados e rotinas têm, para controlar a diabetes?
Sr.ª Prof. F. P. - Faço o controlo da alimentação e, sempre que
possível respeito os horários das refeições principais; não ultrapasso as 3h
sem ingestão de alimentos; respeito os horários da toma de insulina; vigio se
existe alguma alteração nos pés; faço o controlo do peso e realizo algum
exercício físico.
Aluna AEPAN - Cuidados não são muitos. Desde que tenho os
diabetes há 17 anos sempre tive uma alimentação saudável, faço caminhadas para
me ajudar na glicose e porque o desporto faz bem aos diabetes como a qualquer
outro problema de saúde, como tenho já há bastante tempo não tive que fazer
alterações na minha rotina por isso não foi difícil para mim. No entanto, há
que ter bastantes cuidados se queremos ter uma diabetes controlada, é preciso
esforço e dedicação.
A.C. 9.º A - E em relação ao vosso quotidiano e alimentação,
tiveram que fazer alterações para conviver com a doença?
Sr.ª Prof. F. P. - Sim, deixar, por exemplo, de comer alimentos
açucarados, refrigerantes e diminuir os hidratos de carbono, principalmente o
pão. Respeitar os horários da alimentação.
Aluna AEPAN - Como eu sou diabética desde pequenina não tive que
fazer nenhuma modificação na minha alimentação pelo contrário tenho uma boa
alimentação desde pequena, por isso não me custa.
A.C. 9.º A - Sentem alguma limitação por ter diabetes?
Sr.ª Prof. F. P. - Neste momento, passados 18 anos, não.
Aluna AEPAN - Sim, tenho algumas limitações, mas não quer dizer
que deixe de fazer, apenas tenho te ter um cuidado redobrado para que não me
sinta mal. Posso dar-vos um exemplo, sou Bombeira e não é por ter diabetes que
vou deixar de ser. Como referi em cima é preciso ter cuidado e alimentar-me
mais vezes para que tudo corra bem.
A.C. 9.º A - Têmm vergonha de ter esta doença? Se não, já tiveram?
Sr.ª Prof. F. P. Não, nunca tive.
Aluna AEPAN - Sim, tenho vergonha e é um assunto que me custa
falar. Raramente falo com as pessoas, tento que as pessoas não saibam do meu
problema.
A.C. 9.º A - Antes de serem diagnosticadas já tinham conhecimento
aprofundado sobre esta doença e sobre os seus riscos?
Sr.ª Prof. F. P. - Sim, porque tenho familiares diretos com a doença.
Aluna AEPAN - Como eu era pequena e não tinha noção do risco, mas
ao longo do meu crescimento fui aprendendo.
A.C. 9.º A - Já tiveram complicações associadas à diabetes?
Sr.ª Prof. F. P. - Sim,já me afetou os nervos sensitivos dos pés e os
olhos.
Aluna AEPAN - Não, graças a Deus e espero não ter porque ninguém
quer sofrer mais que o que já sofremos ainda sou muito nova, mas o facto de ser
nova não interessa eu já tenho esta doença há muitos anos, os meus órgãos podem
ficar cansados.
A.C. 9.º A - Alguma coisa as preocupa/assusta em relação a esta
doença?
Sr.ª Prof. F. P. - Sim,precisar de fazer hemodiálise e os derrames que
já tenho na retina evoluírem.
Aluna AEPAN - Sim, o facto de vir a sofrer algum problema nos
rins, penso muito nisso, então prefiro não pensar muito sobre isso e controlar
a diabetes para não ter nenhuma complicação.
A.C. 9.º A - Que pensamentos/sentimentos acham que teriam se
fosse diagnosticada diabetes a um dos vossos filhos?
Sr.ª Prof. F. P. - Há uns anos atrás, diria que me sentiria culpada.
Neste momento aceitaria, pois, a doença pode ser genética.
Aluna AEPAN - Não seria fácil. Eu às vezes penso nisso, às vezes
até penso em não ter filhos por causa disso, mas depois penso é uma doença como
as outras é só ter cuidado que tudo corre bem. O mais provável é o meu filho
herdar a minha doença, nenhum pai quer ver um filho sofrer, ou ter uma doença.
O que eu farei é explicar tudo bem explicado e simplificar-lhe as coisas para
lhe ser mais fácil, tendo-me a mim como exemplo.
A.C. 9.º A - Gostariam de transmitir alguma mensagem a uma pessoa
a quem acaba de ser diagnosticada a diabetes?
Sr.ª Prof. F. P. - Que no início é sempre difícil lidar com uma doença crónica,
mas com um controlo diário eficiente consegue-se ter uma vida sem muitas
limitações.
Aluna AEPAN - A mensagem que transmito é não ligar às pessoas que
não sabem o que dizem, porque isso não te vai ajudar, vai é prejudicar-te, ter
cuidado com a alimentação e controlar e fazer as coisas direitinhas, se
cumprires com as recomendações corre tudo bem e não escondas o problema que
tens. Diz às pessoas à tua volta, caso te sintas mal, as pessoas que estão à
tua volta podem ajudar-te o mais rápido possível evitando complicações graves
como por exemplo coma hipoglicémico.
A.C. 9.º A - E a uma mãe a quem o filho acaba de ser
diagnosticado com diabetes?
Sr.ª Prof. F. P. - Que é importante saber que esta doença tem que ter
cuidados diários, como o cumprimento dos horários da alimentação e da
medicação, bem como uma rotina de exercícios orientando-o para os mesmos. E,
claro, muito amor, carinho, presença e apoio constante.
Aluna AEPAN - Ficaria triste, mas eu iria fazer de tudo para que
o meu filho se sentisse bem com ele mesmo ajudá-lo em tudo e lutarmos os dois
nessa batalha. Nunca estaríamos sozinhos. Sei que não é fácil ele compreender a
doença e as perguntas todas que me irá colocar, mas com o tempo ele irá
compreender e cada dia que passe vai se tornar mais fácil e vai conseguir
superar.
A.C. 9.º A - Relativamente a esta temática, querem partilhar mais alguma coisa? Ficou algo por dizer?
Sr.ª Prof. F. P. Gostaria de reforçar que sendo esta uma doença
silenciosa é importante que todos estejam atentos aos sinais, como por exemplo,
idas frequentes à casa de banho, sede constante, aumento de apetite e perda de
peso, de modo a identificar precocemente e evitar futuras complicações.
Aluna AEPAN - O que posso partilhar é que tenham cuidado com a
alimentação, pratiquem desporto, levem uma vida saudável, porque a qualquer
momento podemos ficar com a doença. Eu digo muitas vezes “HOJE SOU EU AMANHÃ
PODES SER TU”. Não gozem com as pessoas que têm este problema, porque já não é
fácil falar, então ter pessoas a fazerem comentários estúpidos torna, mais
difícil e leva-nos a resguardarmo-nos e a não falarmos.
A.C. 9.º A - MUITO
OBRIGADO, pela enorme generosidade da partilha…