10 de fevereiro de 2014

D. Júlia, a Lutadora

C.J. - Trabalhar numa escola era o que pretendia fazer quando era jovem?
D. Júlia - Quando era jovem, o meu sonho era ser professora primária.
Fiz o 12º ano e tentei entrar na universidade mas não consegui. Tive pena de não ter conseguido atingir o meu sonho, mas hoje sinto-me realizada com o meu trabalho.
C.J. - Há quantos anos trabalha nesta escola?
D. Júlia - Trabalhei durante 13 anos na residência de estudantes. Como fechou, fui transferida para esta escola. Estou cá a trabalhar há 6 anos.
C.J. - Gosta do trabalho que realiza aqui?
D. Júlia - Gosto muito do meu trabalho, embora me sinta um pouco desmotivada. Os alunos de hoje não querem aprender, não se esforçam para obter bons resultados e não respeitam ninguém.
C.J. - Como se relaciona com os alunos na Biblioteca? Já teve algum problema digno de registo?
D. Júlia - Relaciono-me bem com todos os alunos, tentando sempre ajudá-los e aconselhá-los nas mais diversas situações.
Já tivemos alguns problemas, pois há sempre alunos que não obedecem às nossas ordens. A Biblioteca é um espaço multifuncional e é necessário que todos se respeitem uns aos outros. Esses alunos são ouvidos pela direção da escola, depois de receberem o nosso relatório dos factos.
C.J. - Sabemos que sofreu de cancro e que conseguiu lidar bem com o problema. O que foi para si mais difícil durante todo o processo da doença?
D. Júlia - Quando surge uma doença desta gravidade, é errado pensarmos que vamos morrer. Quando recebi a notícia foi um choque, mas tentei logo enfrentar a situação. Procurei saber mais sobre a doença e sobre as probabilidades de cura. Passamos por muitas fases todas elas muito difíceis, mas o mais difícil, para além dos tratamentos, que são muito dolorosos, foi ver o sofrimento da minha família.
C.J. - Encara agora a vida de maneira diferente do que antes da doença?
D. Júlia - Encaro a vida como uma segunda oportunidade que Deus me deu. Tenho, portanto, que aproveitar as coisas boas que a vida me dá. Agora sei que não vale a pena preocuparmo-nos antes do tempo, pois é tempo perdido.
C.J. - Como se sente alguém que venceu um cancro?
D. Júlia - Ainda faltam dois anos para poder dizer que venci o cancro, mas já me sinto uma vencedora. Sou uma vencedora como muitas outras que se encontram por este mundo for. Foi uma fase má da minha vida que passou.
C.J. - Gostava de deixar algum conselho aos leitores do nosso jornal?
D. Júlia - Aos leitores deste jornal gostaria de dizer que devemos dar valor a todas as oportunidades que a vida nos dá. Sejam elas boas ou más, todas elas nos ensinam algo e é essa aprendizagem que nos vai ensinar a seguir o nosso caminho.
Nada acontece por acaso, por isso todas as adversidades da vida servem para nos tornarmos pessoas melhores. Sejam felizes!
Clube de Jornalismo


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